terça-feira, 19 de novembro de 2013

Clipping: Maratona ou contra-relógio?


O Clipping serve só de ‘prova de vida’ do Assessor de Imprensa?

Só para demonstrar à instituição/ empresa para a qual foi contratado o resultado do seu trabalho?



É óbvio que quanto maior for a cobertura mediática, maior será a projeção do evento/produto/empresa/ instituição.

Mas quem pensa que o trabalho do Assessor de Imprensa se circunscreve ao sucesso mediático de um determinado evento está redondamente enganado.
A Assessoria de Imprensa assenta numa estratégia não de curto, mas de médio e longo prazo, pois os resultados não são nem devem ser vistos como pontuais.

Um exemplo: A inauguração de uma exposição.
É óbvio que quanto mais interesse mediático suscitar a cerimónia de inauguração, mais adesão deverá ter por parte do público que a visitará nas semanas seguintes. Todavia, se a duração da exposição for de seis meses, é necessário ‘alimentar’ o interesse pelo evento para que a sua cobertura mediática se prolongue no tempo.

O Clipping não é apenas a recolha, catalogação e análise de todas as notícias que dizem respeito ao evento, mas antes um ato contínuo e em constante evolução.

O Clipping é um trabalho diário. E quando é bem feito dá mesmo trabalho! Sei que há empresas especializadas neste tipo de recolha, mas a verdadeira análise e transmissão de resultados é feita pelo Assessor de Imprensa.

A influência que os press-releases, comunicados ou dossiers de imprensa produzem nas notícias que são publicadas/difundidas é da inteira responsabilidade do Assessor de Imprensa.

A análise do Clipping deve ser o mais isenta possível. Não vale a pena inventar notícias ou dar interpretações abusivas a uma análise estatística.

Quando corre mal, corre mal. E é preciso assumir e apresentar de imediato uma nova abordagem.

O Clipping deve ser analisado quer pelo Assessor de Imprensa quer pelo responsável da empresa/instituição. O carácter das notícias, os pontos favoráveis e desfavoráveis, as primeiras páginas, as fotografias, os protagonistas, a dimensão (espaço/tempo), o suporte, os diferentes tipos de Órgãos de Comunicação Social abrangidos, são apenas alguns dos critérios quantitativos e qualitativos que devem merecer uma profunda reflexão no relatório.

Muitos dos grandes mal-entendidos (que originam, por vezes, notícias negativas ou crises nas redes sociais com graves consequências para a empresa/instituição) devem-se à falta de preparação dos porta-vozes/protagonistas que prestam declarações ou que se apresentam com um visual completamente inadequado. O Clipping, em última instância, é uma espécie de barómetro da popularidade. Quem não percebe isso, não devia prestar declarações à Comunicação Social.

Acima de tudo, é fundamental que o Clipping apresente uma conclusão. Há sempre coisas a melhorar. Sempre. Podemos sempre orientar o evento/ produto para uma nova abordagem, tendo em vista potenciais visitantes/consumidores. É esta a diferença entre a estratégia do contra-relógio e a da maratona. Quem souber tirar partido da informação que o Clipping contém, saberá sempre o que deve fazer para contornar futuras adversidades.

O Clipping deve ainda incidir na monitorização da chamada ‘concorrência’. Conhecer a realidade de outras empresas/ instituições permite-nos “rever o plano de negócios e interpretar melhor as tendências do sector” (1).

Se alguém faz depender a contratação ou manutenção de um Assessor de Imprensa do número de notícias que sai na Comunicação Social, então o melhor é procurar um Publicitário. O Assessor de Imprensa não vende detergentes. Promove credibilidade.

Dulce Salvador

(1) “Assessoria de Imprensa. Como se relacionar com a Mídia” de Maristela Mafei. Edição Contexto.

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